Em entrevista com o Sacerdote Babalorixá Thiago D'Ogum, ele fala um pouco sobre sua trajetória na espiritualidade e novos projetos.
1. Thiago, como começou sua caminhada na espiritualidade?
Thiago D’Ogum: Desde muito jovem eu já sentia uma ligação forte com o sagrado. Aos 17 anos, fui iniciado no Candomblé e comecei a trilhar o caminho dentro da religião. Mais tarde, entendi que minha missão era servir como sacerdote e oraculista, transmitindo a sabedoria dos Orixás para orientar e fortalecer as pessoas.
2. O que representa para você ser dirigente do Ilê Casa Axé Pai Ogum?
Thiago D’Ogum: O Ilê não é apenas um espaço físico, mas uma morada de energia e acolhimento. É ali que mantemos a tradição, celebramos os Orixás e recebemos quem busca auxílio. Ser dirigente é carregar uma grande responsabilidade: preservar a ancestralidade e, ao mesmo tempo, adaptar a espiritualidade aos desafios do mundo atual.
3. O Jogo de Búzios é sua marca registrada. Como funciona esse oráculo?
Thiago D’Ogum: O búzio é uma concha que traz a voz dos Orixás. Ele revela os Odus, que são caminhos de destino, e mostra os pontos que precisam de atenção na vida de cada pessoa. Não se trata apenas de adivinhação, mas de uma leitura energética que pode indicar desde rituais de fortalecimento até mudanças de comportamento. É uma ferramenta de transformação.
4. Você fala muito sobre a “mão de búzios”. Pode explicar?
Thiago D’Ogum: É o dom de interpretar o que os búzios revelam. Existem sacerdotes que jogam, mas nem todos têm a sensibilidade de ouvir além do que está visível. A “mão de búzios” é essa intuição que guia o oraculista para passar a mensagem exata que o consulente precisa ouvir.
5. Em tempos de internet, qual o papel das redes sociais na sua missão?
Thiago D’Ogum: A internet é uma ponte. Muitos que jamais teriam contato com o Candomblé hoje conhecem os Orixás através de um vídeo, de uma live ou de uma postagem. Uso as redes para desmistificar preconceitos e mostrar que a religião afro é sobre fé, acolhimento e identidade. Mas claro, nada substitui a vivência no terreiro.
6. O que você diria para quem tem preconceito com as religiões de matriz africana?
Thiago D’Ogum: Eu diria conheça antes de julgar. O Candomblé não é feitiçaria nem maldade, é cultura, ancestralidade e resistência. Cada tambor que toca é memória de um povo que sobreviveu à dor da escravidão e manteve sua fé viva. Respeitar é o primeiro passo para entender.
7. Quais são seus próximos projetos como sacerdote?
Thiago D’Ogum: Quero expandir os trabalhos do Ilê Casa Axé Pai Ogum, formar novos sacerdotes e levar a palavra dos Orixás para mais pessoas, inclusive através de cursos e encontros espirituais. Também pretendo publicar um livro sobre minha trajetória e sobre a força do Jogo de Búzios.

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