Por Júnior Martins – Especial para o Diário de Notícias- 23/11/2025- 19h46
Lisboa — A forma como as cidades são planeadas, monitorizadas e administradas está a atravessar a maior transformação desde a revolução industrial. Sistemas de inteligência artificial (IA) evoluem agora para além da previsão de tráfego e da gestão energética: começam a aprender com o comportamento coletivo dos cidadãos, ajustando-se em tempo real para tornar a vida urbana mais eficiente, segura e sustentável.
Cidades que se autorregulam
Nos últimos anos, sensores urbanos multiplicaram-se silenciosamente em postes de iluminação, transportes, edifícios públicos e até pavimentos inteligentes. O que muda agora é o modo como os dados são usados.
Modelos avançados de IA passam a detetar padrões sociais, como fluxos de mobilidade, microclimas, ocupação do espaço público e até indicadores de coesão comunitária.
Segundo urbanistas, estas redes inteligentes permitem respostas proativas:
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Ajustar iluminação consoante o fluxo pedonal;
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Redirecionar transportes em tempo real;
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Antecipar riscos de enchentes ou ilhas de calor;
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Identificar zonas de vulnerabilidade social antes que problemas se agravem.
O desafio da confiança
Apesar dos ganhos, a expansão destas tecnologias levanta questões inevitáveis sobre privacidade, vigilância e transparência.
Especialistas defendem que as cidades inteligentes só serão bem-sucedidas se houver mecanismos claros de fiscalização cidadã e auditorias independentes aos algoritmos.
"A tecnologia é poderosa, mas precisa de consensos sociais. Uma cidade inteligente tem de ser também uma cidade humana", afirma a socióloga Mariana Leal, uma das vozes mais atentas ao tema.
Economia urbana impulsionada por IA
Empresas de logística, energia, turismo e comércio já reportam melhorias significativas com o uso de sistemas que leem variáveis urbanas em tempo real.
No entanto, a grande mudança poderá estar na administração pública, que passa a ter ferramentas de decisão mais rápidas e precisas, reduzindo custos e tempo de resposta.
Empresas de logística, energia, turismo e comércio já reportam melhorias significativas com o uso de sistemas que leem variáveis urbanas em tempo real.
No entanto, a grande mudança poderá estar na administração pública, que passa a ter ferramentas de decisão mais rápidas e precisas, reduzindo custos e tempo de resposta.
Portugal no mapa da inovação
Lisboa e Porto destacam-se com projetos-piloto de mobilidade inteligente e gestão energética, enquanto cidades médias — como Braga e Évora — começam a testar micro-redes de IA para planeamento urbano sustentável.
Um futuro que já começou
A IA urbana não é mais uma promessa futurista: é uma infraestrutura invisível que começa a reconfigurar o modo como vivemos, trabalhamos e nos deslocamos.
A questão já não é se as cidades vão tornar-se inteligentes — mas sim como garantir que essa inteligência é usada em benefício de todos.


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